Uma pessoa inteligente contrata uma outra ainda mais inteligente para trabalhar para ela.
Falta de tempo, falta de conhecimento, falta de estrutura e falta de contatos. Estas são as típicas faltas de um escritor iniciante, e eu sempre me deparo com elas quando penso em publicar meu livro.
O que eu sei é que escritores vivem dos seus livros, que devem ser palpáveis (o e-book será, mas ainda não é a bola da vez). É por isso que eu digo que não é muito interessante fazer literatura só quando a inspiração chegar, principalmente para quem quer fazer dela seu ofício. Trabalho, trabalho, trabalho, veja o exemplo de Marina Colasanti.
Quer seu livro publicado? Com ou sem agente literário, é preciso montar uma estratégia, traçar metas, estabelecer objetivos, determinar caminhos (e vários, para se ter outras opções de escolha). É fato: dos inúmeros autores que enviam seus originais para as editoras, principalmente as de renome (por que se aventurar a começar de baixo?), apenas alguns conseguem seus objetivos.
Muito do que um agente literário faz, você pode fazê-lo também. Então, para quê pagar um? Voilá!
O Agente Literário:
Profissional do mercado editorial que faz o elo entre as editoras e os autores. Dentre outras coisas, ele trata da promoção de um escritor e administra sua carreira literária, representando-o legalmente junto de editores, com quem negocia os respectivos termos contratuais.
Perfil do Agente Literário:
O Agente Literário atua em conjunto com outras agências literárias internacionais e editoras ao redor do mundo, promovendo pessoal e individualmente seus autores e obras, buscando sempre a maior divulgação e sucesso dos escritores que representa. Para isso ele deverá ter uma boa rede de contatos, um bom conhecimento da área, conhecimento técnico e demonstrar competência. No mínimo:
• deve entender de contratos na hora de representar o escritor em negociações relativas a traduções da obra, adaptações para outras linguagens (como cinema, teatro), publicações no estrangeiro.
• deve entender do mercado editorial brasileiro, de marketing editorial para contribuir melhor na promoção do livro, no intuito de maior vendagem.
• deve ter amplo acesso aos editores, saber que tipo de literatura eles procuram. Só assim, quando procurados por um escritor, poderão indicá-lo a melhor editora para os seus livros.
Funções do Agente Literário:
• fazer a ponte entre o autor e a editora, concentrando todos os esforços para a publicação da obra numa única pessoa e, assim, evitando perda de tempo e dinheiro para o autor.
• avaliar a obra, identificá-la, enquadrá-la em alguma linha editorial e apresentá-la às editoras que possuam um catálogo que melhor se ajuste ao perfil do trabalho apresentado, com o objetivo de publicar seu livro conforme as expectativas do autor e de acordo com a atual política do mercado editorial.
• providenciar o envio dos originais para as editoras e monitorar o andamento de todo o processo até a contratação da obra.
• marcar reuniões nas editoras para tentar viabilizar a publicação de uma determinada obra.
• cuidar do contrato que o autor celebrará com a editora e de todos os processos burocráticos compreendidos por essa negociação (geralmente inclui assessoria jurídica no momento da assinatura do contrato de edição)
• fiscalizar a divulgação, a distribuição e a comercialização da obra pela editora e, até mesmo em pontos de vendas, no sentido de possibilitar ao autor as informações sobre esses processos.
• agendar eventos, congressos, entrevistas, etc.
• orientar o autor nas entrevistas e nos eventos em que a presença do autor for solicitada.
• fazer intermediação entre escritores, roteiristas, autores, outros agentes literários, editoras e mídia, através de interesses comuns.
• marcar presença nos principais eventos e feiras literárias e culturais do Brasil, possibilitando e facilitando o contato entre escritores e editores com diversos agente literários nacionais e internacionais.
Remuneração:
É feita através de um acordo/contrato com o autor e pode ser de várias maneiras, desde a cobrança de uma taxa mensal por um determinado período de assessoria (no mínimo 200 reais por mês), a um percentual sobre os ganhos em direitos autorais, percentual este que pode variar de 10 a 20% sobre o montante de ganhos do autor.
Geralmente, o agente literário sobrevive de uma parte dos direitos autorais do escritor. Quanto maior o ganho do escritor maior o do agente literário também, de maneira que os dois devem atuar em conjunto.
Observações:
* o escritor, uma vez sozinho, precisa correr atrás, investir tempo e dinheiro em busca de editoras, esse caminho pode ser mais curto com um agente literário e o dinheiro investido seria direcionado.
* o agente literário não faz milagres, visto que valem as mesmas regras de seleção editorial tanto para os trabalhos fornecidos pelos agentes, quanto pelo próprio autor ou outro tipo de representante. Desta forma, agentes não dão garantias de publicação.
* fora os contatos, que o agende deve ter, e de sobra, não há diferenciação de tratamento na negociação do contrato com a editora. Um agente tenta conseguir o melhor acordo para o autor, mas ao custo de ficar com uma parcela dos direitos autorais.
*quando a editora diz que só recebe material de agentes, provavelmente ela está indicando uma preferência por autores muito conhecidos. Ou seja, a linha editorial dela não está aberta para autores inéditos.
* os autores iniciantes devem montar uma estratégia de chegar até editoras que aceita autores desconhecidos. Há uma quantidade respeitável de editoras pequenas que se arriscam bastante, ninguém precisa ficar aborrecido com as grandes e hiper seletivas (embora eu, particularmente, ache que não custa nada tentar as grandes também, e principalmente).
Pontos Positivos:
• contratar um agente literário oferece maior chance de ter a sua obra publicada, já que eles têm bons contatos;
• maior visibilidade no segmento editorial, já que esses profissionais vão até as editoras e expõe toda a proposta do livros;
• uma melhora considerável do texto, já que muitos agentes fazem uma revisão ortográfica do texto (eu prefiro dar a cada um o que é de cada um. Prefiro considerar o agente literário um administrador e que o escritor contrate uma outra pessoa para verificar o texto).
Pontos negativos:
• os agentes não se comprometem a publicar a obra, ou seja, você paga e não tem garantia de que o seu livro será publicado.
• os agentes cuidam de vários livros ao mesmo tempo, de diferentes autores, e não se dedicará integralmente ao seu livro.
O escritor precisa de um agente literário quando:
1. Não sabe os trâmites para chegar a uma editora e ter seu livro publicado;
2. Não tem tempo para se dedicar em procurar uma editora que tenha uma linha editorial adequada ao projeto de seu livro;
3. Não tem tempo para administrar sua carreira de escritor;
4. Não conhece as demandas e a política do mercado editorial;
5. Quer que sua obra seja apresentada às pessoas certas, nas editoras certas;
6. Quando, por conta própria, tudo parece dar errado;
7. Quando não consegue implementar sua própria carreira literária;
8. Quando acredita que uma pessoa inteligente contrata outra pessoa, ainda mais inteligente, para trabalhar para ele.
Antes de contratar um agente literário:
• tenha claro quais são objetivos como escritor e que tipo de editora você tem interesse;
• faça uma pesquisa prévia, mesmo que breve, sobre as editoras que você considera que são adequadas;
• submeta sua obra para análise de outras pessoas. É importante um feedback que não seja do parente mais próximo ou do amigo mais chegado.
Na dúvida, siga os passos:
1. Determine se é preciso ter um agente literário, ou não. Você, como escritor, é o único capaz de discernir sobre a necessidade ou não de um agente literário de acordo com os seus próprios objetivos em relação à carreira literária. Note que esta resposta depende inteiramente de que tipo de trabalho literário você desenvolve e o que você quer fazer com ele.
2. Assegure se o seu material está pronto para um agente. Uma boa medida de segurança é assegurar o material que vai ser apresentado ao agente (e aos editores) na Biblioteca Nacional, setor de registros. A literatura faz dos direitos autorais sua moeda de troca. Tendo o material em ordem, no caso de autores já estabelecidos, é possível submeter apenas uma parte do manuscrito e talvez um esboço do livro. Já os escritores novos e/ou desconhecidos devem estar preparados para submeter o manuscrito inteiro, principalmente em se tratando de textos ficcionais, romances, novela. Abre-se uma exceção aos escritores cuja obra constitui-se de capítulos, e então é possível apresentar um esboço ou um projeto do material a ser produzido.
Ao escolher um agente literário:
• pesquise sobre trabalhos anteriores e, se possível, identifique alguns clientes;
• verifique com quais editoras o agente trabalha, se pequenas, de médio e/ou grande portes;
• verifique se a editora que você tem interesse se encontra na lista de editoras que seu futuro agente tem contato, ou se ele trabalha com editoras similares;
• verifique se as editoras com as quais ele trabalha têm uma linha editorial próxima a sua;
• verifique a linha editorial dos clientes com quais ele trabalha e se é compatível com a sua;
• se possível, converse com algum cliente e obtenha referências sobre o trabalho do agente;
• verifique se o seu agente tem bons contatos, se ele participa de eventos e festas literárias, se ele promove encontros, etc, enfim, se ele é uma pessoa ativa dentro do mercado editorial.
OBS: Encontrar um agente e encontrar um agente que esteja ao seu lado são duas coisas diferentes.
Tome cuidado:
* Negocie com cautela o contrato que você vai assinar com o agente. Repito que a moeda de troca são os direitos autorais e, muitas vezes, os agentes amarram os escritores com um contrato de exclusividade, já que eles negociam um percentual da venda dos direitos autorais dos livros.
* Taxas da leitura, taxas da manipulação, taxas de submissão e as taxas da avaliação não devem ser consideradas normais.
Os Serviços Adicionais:
* Alguns agentes estão afiliados com outros fornecedores de serviço tais como desenhistas, especialistas em marketing, assessores de imprensa e tentarão empurrar estes serviços para você. No entanto, até que seu trabalho esteja publicado, você não tem nenhuma necessidade para tais serviços e não deve pagar por eles.
* Os agentes que aceitam autores ainda inéditos têm o mesmo problema que os editores, que é separar o minimamente publicável das pilhas de material pouquíssimo profissional. Assim sendo, a maioria cobra uma taxa para fazer a leitura da obra e avaliar suas possibilidades de ser negociada com alguma editora. Fique atento.